Toda vez que a chuva
Bate na janela, sem pedir licença,
Invade, inteira, minha solidão.
Interrompe, de uma vez,
Meus pensamentos, ao olhar pra'ela
E vê- la chicotear o chão.
São meus olhos tristes
Que tentam, sem sucesso, encontrar você
Através das eternas gotas.
Despencando, como folhas,
Do céu ao chão; nem dá pra dizer
De tal doçura em outros planetas.
O meu corpo segue errado,
Feito carro na contramão.
Que caminha, lado a lado,
Entre a fé e a razão.
Permanece atormentado,
Sem encontrar resposta:
"Afinal, o que bate no peito
É instrumento de sopro
Ou de percussão?"