É maior do que eu
Essa vontade gigante
De parar tudo ao meu redor.
Só pra observar
O dia morrer
Cada vez mais devagar.
Mais de Dentro Que Pra Fora
"O que hoje escrevo, escrevo por ser escravo... por não saber outra forma de expressão."
A você que me lê
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Inverno
quarta-feira, 13 de maio de 2015
sexta-feira, 24 de abril de 2015
No creo
Acredite em mim
Quando eu digo que não sei
Em que mundo eu vivo.
Acabei de descobrir,
Sem saber porque, sem saber dizer,
Em que mundo vivia.
De que planeta você é?
Eu também não sei.
Acabei de descobrir
Que Plutão não é planeta,
Que em nuvem não se deita,
E que "coração na mão"
É só força de expressão.
Acredite em mim quando digo
Que não dá pra acreditar
Que eles percorrem distâncias
Sem sair do lugar.
Que os romances são feitos hoje
Com data e hora pra acabar.
Acredite em mim quando eu digo
Que não dá pra acreditar!
sexta-feira, 27 de março de 2015
De volta
"Eu vou carregando
A dor de carregar
Tudo que vejo no caminho.
Está aí, em cada canto,
Um caco de mim
Que caiu da mão
Por acaso. Casualmente,
Vez por outra, descarrego
Em lágrimas e versos
Involuntariamente.
Mas, de verdade, a mente
Bagunça tudo; põe no fundo
Pra ninguém ver".
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Estava aqui...
Em algum canto por aí.
Quem sou eu? Eu pensava
Que sabia responder.
Já não sei mais
Como fui parar aqui,
Onde foi parar as chaves,
O choro, os documentos,
As lembranças de momento,
O guarda- chuva e o sentimento
De ter a cabeça no lugar.
domingo, 23 de novembro de 2014
Música em comprimidos.
Passa o caminhão sem freio.
Peça ao passarinho
Pra passar mais devagar.
Que hoje eu sou todo ouvidos
Pra sua melodia
Em bemóis e sustenidos,
Todo grito suprimido,
Mal dosado em comprimido.
Eu abro os olhos
E deixo transbordar,
Em conta- gotas
O que não posso carregar.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Alh(ei)o
Que hoje estou mais alheio
Do que costumo estar.
Não fica nenhum número,
Nenhum rosto pra lembrar.
Talvez seja melhor assim_
No limite de esquecer,
À beira de desaparecer_
Me falta algo, e é ruim
Estar alheio, mais do que
Costumo estar.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Metade
Sempre foi assim:
Eu sempre digo quase metade
Daquilo que penso.
Dispenso minhas ideias
Porque elas não tem voz.
Porque, no fim das contas,
Eu conto um conto e diminuo
Todos os pontos.
Por isso sou escravo
De tudo que escrevo. Afinal,
Ponho as palavras onde quero,
Antes ou depois do ponto final.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Um assento vago
Pois eu sei que você sente.
Por favor não aceite
Levar tudo assim, tão só.
Então tire a camada de pó
Desse seu peito e apenas
Sente- se mais perto.
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
It' s too heavy
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Inverno
terça-feira, 26 de agosto de 2014
G
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
O que sobrou.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Botão de flor
quinta-feira, 31 de julho de 2014
A cor que sei de cor
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Insônia
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Peso do mundo (8:40)
É claro: o peso nas costas. 21 anos. Precoce. Era uma palavra estranha: parecia coçar uma ferida que ainda não chegou. O peso do mundo.
O que seria o mundo? Família? Emprego? Horário, ônibus, responsabilidade? É preciso fazer isso, fazer aquilo, cumprir, realizar, tomar cuidado. Se proteger. Afinal como se proteger? Se via como um soldado, só contra um exército inteiro. O peso do mundo é muito injusto.
Decidiu usar um relógio. Estava parado. Que se dane, estar parado! Era melhor assim. Para ele era sempre 8:40. Um dia, esperando interminavelmente um ônibus, lhe surpreendeu uma moça lhe perguntar as horas. " No meu relógio, 8:40." Ela estranhou, "mas o sol já está a pino! Deve ser meio- dia."
_Bom, no meu relógio é 8:40 desde que acordei.
Dito a frase, chegou o ônibus, ele entrou, pagou a passagem e sentou num banco. Era preciso pensar, antes de tudo. A vida andava parada, 8:40. Não, não devia olhar por esse lado. Sempre havia um ângulo em que nunca olhamos, ouvira essa frase recentemente. Ou havia lido? Não importa. A vida merecia um novo ângulo, uma nova perspectiva. Perspectiva. Certamente um palavrão, mas fazia sentido. Sendo ainda 8:40, poderia fazer o que não se permitia. Havia tanto a ler, tantos cd' s a ouvir, tanto a haver ainda!
Adormeceu no ônibus, enfim, com um sorriso. "São 8:40..."
/º\/º\/º\
Sentada no ponto, vendo o sol a pino, e sem saber as horas, esperava a moça. Tinha 25 anos e, pela primeira vez, sentiu o peso do mundo nas costas.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Morreu.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Minguante
Num prata vibrante
Expõe seu sorriso
Reluzente, e deixa
A noite linda
E você, apaixonante,
Me olha e diz:
"Avante, me mostre
Que não é só um amante."
Aponto pra cima,
Lhe roubo um beijo
E deixo em ciúmes
Minguante, a lua...
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Alta noite
Na sua veia.
Uma qualquer cai
Na sua teia.
Eu que não espero
Nada acontecer,
Atendo sua chamada
Antes de amanhecer.
Como se impressionasse
Uma ligação à alta noite
Me tirar breve, o sono,
Como escravo, sob açoite.
Eu que não espero
Ter nada a esperar,
Atendo sua chamada
Temendo o que encontrar.
O sono pula
Da minha teia.
E´você entrando, de novo
Na minha ideia.
domingo, 19 de janeiro de 2014
Conjugado.
Tu me olhas de volta,
Ele te chama num grito,
Ela te espera à porta.
Nós pensamos o mesmo:
"Vós pensais errado!"
Eles te prendem a grades,
Elas mentem com cuidado.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Quase tanto tempo
Que a gente não se vê.
Como quem acorda assustado,
Sem saber o que fazer.
Eu fiquei ali, parado,
Esboçando o que dizer.
Já faz quase tanto tempo
Que a gente não se vê!
Eu andava tão perdido
E era até de se estranhar,
Que no meio de tanta gente estranha
Eu pudesse te encontrar.
Eu tentei encontrar algo
Que pudesse acabar
Com o silêncio desconcertante
Que pairava no nosso olhar.
Já faz quase muito tempo
Que a gente não se vê.
E eu fiquei abestalhado
Sem saber o que fazer.
Eu achava tão esquisito
Ficar assim, paralisado
Mas fazia mesmo tanto tempo
Que'u me sentia acorrentado.
Eu fiquei ali, parado,
Esboçando o que dizer.
Já faz quase tanto tempo
Que a gente não se vê.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Fantasma
Sua cara de louca
E despisto
Sua voz rouca.
Te jogo um pano
Branco, um pano
Por cima da roupa.
Parece um fantasma,
Uma aparição.
Minha visão é pouca,
Sua agonia é muita
Está escuro e
Eles chegaram;
Não dá pra fugir.
Mas agora vê é fantasma
E só eu vou ver
Quando você sumir.
domingo, 1 de setembro de 2013
Parou!
Quando pairava no ar uma tal alegria
E as nuvens ainda eram brancas.
Os carros ficaram parados, no sinal,
A roupa ainda pingava no varal
E as pessoas esticavam conversas francas.
De repente, o mundo voltou a girar.
E a alegria era só uma frente fria,
Como uma brisa que volta pro mar
A apatia voltou a reinar.
Os carros retornaram à velha correria,
O varal voltou a ficar vazio
E nas ruas_nem conversa, nem assobio.
Como é triste a nostalgia!
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Vendo (o movimento parado)
Tudo tão enfileirado;
Fila de carro, fila de banco,
Fila pra cair no mesmo buraco.
Tudo anda tão desajeitado,
Como quem é pego fazendo errado,
Que muito se lucra vendendo jornal
Cheio de sangue de gente normal.
O movimento para,
Para pra comemorar,
Que todo mundo tem carro
E uma vaga à ocupar.
O coração congela,
Aponto de entorpecer.
Isolando o amor,
O deixando morrer.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Cartão- postal
terça-feira, 23 de julho de 2013
O sonho
E voltar a realidade
Eu queria lembrar
Dessa loucura, liberdade.
De montanha russa,
Montada às pressas
E a gente ali, de bicicleta
Fazendo as últimas promessas.
Antes disso tudo
Acabar guardado nalguma gaveta
Trancada, na mente agitada
De quem não faz careta,
A gente bem que podia
Anotar como se chega
Nesse lugar dos sonhos,
Onde alegria se rega,
E se come os frutos sem regra.
terça-feira, 9 de julho de 2013
Devaneio (toda vez que você passa)
Eu passo a mão pela cabeça
A imaginar se alguém fica passado,
Toda vez que você passa.
Toda vez que você passa,
Lhe passo os olhos, como câmera,
Despretensiosamente, registrando,
O instante que se passa.
Toda vez que você passa
Me passa um trem estranho,
Descompassado, pelo peito.
Penso: "Quem sabe, um passeio."
Toda vez que você passa,
Eu penso em deixar
A amizade no passado
E seguir os passos do amor.
Toda vez que você passa
Eu sinto tudo devagar.
Mas meu devaneio passa
Quando você passa a reparar.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Inverno
No dia que existia nós dois:
"Que seja eterno, como o inverno,
Como esperar o que vem depois."
E agora eu estou, e você também,
Esperando a próxima cena.
Ignorando que o tempo passa
Até pros amores de vida serena.
Estamos vivendo à sombra
De gigantes, escondendo os passos
Largos que a vida dá, sem poder
Segurar por entre os braços.
Por isso eu corro o risco,
Rasgo a cortina e arrisco
Nunca mais te ver.
Nosso amor é eterno
Mas será que temos tempo,
Algum tempo a perder?
terça-feira, 14 de maio de 2013
Botão de rosa
Para nunca mais voltar
Venta, e sopra seu perfume
Perfura o ar obstinado
De quem iria prosseguir,
E completar o inacabado.
Mas não consegui fugir!
Cruzo a porta, aos seus braços,
Porque eu, botão de rosa,
Eu não sei mentir.
E se você quiser
Eu mudo o tom
Pra nossa voz se misturar
E formar o som,
De uma nota só,
De um amor só.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Cão
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Trovador?
quinta-feira, 7 de março de 2013
Em aberto.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
O Lamento do Marujo
O quanto foi ruim
Içar as velas,
Numa viagem sem fim,
Terias aparecido no cais.
Ó Deus, apiedai de mim!
Agora me atormenta
A última vez
Que vi seu rosto.
A tristeza de fez,
Quando não pude enfrentar
Tamanha palidez.
O temor de não voltar
É meu medo maior.
Pois o vento que aqui sopra,
Diz que a morte vai se impor.
E que desta grande nau
Não sobrará, nem lamento, nem amor.
domingo, 13 de janeiro de 2013
"A luz que ilumina, pode cegar"
"Quem é que sabe, é o que pensa ou o que arrisca?
Quem é que sabe, saberia ou saberá?" __Oswaldo Montenegro
É um tempo em que, provavelmente, nenhum de nós verá para contar história. Em uma fuga de uma batalha nuclear mundial, se esconderam juntos, no segundo dia de guerra, numa gruta, um homem, 40 anos, cientista que achava que toda essa confusão era culpa do muito conhecer dos homens. Pensava que "a sede insana da humanidade por respostas os levou a esse Apocalipse". Junto dele se escondia um jovem, 20 e poucos anos, artista em acensão, impetuoso e rebelde, digno da época que nasceu. Passaram tanto tempo, conversando de suas vidas, de como a guerra frustara seus planos, de seus alvos para o futuro, que se tornaram grandes amigos.
Trouxeram consigo mantimentos para passar o período da guerra e, se durassem até o fim dela, sairiam dali, sãos e salvos. Mas um dia seus mantimentos acabaram, e veio uma fome tremenda. Na gruta, os dias passavam sem que se tomasse conhecimento, tão escuro e sombrio o local. Tomando forças para conversar, o jovem disse ao seu amigo cientista:
"_Não podemos morrer de fome aqui. Me lembro de, ao descer pra cá, haver alguns arbustos na parte de cima da gruta. Talvez dê para comermos algo de lá." Seu amigo, porém, estava guardando forças, pois ficara fraco com a fome. Apenas sorriu e acenou, concordando.
O jovem subiu com dificuldade, mas chegou a um ponto alto da gruta, onde havia, sim! arbustos e restos de alimentos. "Provavelmente quem esteve aqui preferiu não descer muito," pensou. Trouxe o despojo com ânimo renovado, e dividiram, felizes e recuperados. Mas não tardou a fome voltar; ao passar de alguns dias, o artista, com rebeldia restaurada, perguntou ao seu amigo cientista:
"_Vamos ficar aqui, parados, e morrer de fome? Talvez dê para subirmos à superfície. Não vê? Já passamos muito tempo aqui; nem sei em que ano estamos! Temos de voltar." O cientista logo se opôs:
"_Passamos muito tempo nessa gruta, e nos acostumamos à pouca luz. Poderíamos ficar cegos se nos expusermos repentinamente à superfície. Fora o risco de parada cardíaca, com o choque da cegueira repentina. Não compensa morrer dessa forma." O jovem não acreditava no que acabara de ouvir. Seu único amigo nesse tempo todo, com quem dividiu vida e pensamentos, preferia morrer, resignado, numa gruta pela fome! Era uma ideia que ele não aceitava.
_Então você prefere apodrecer aí, sem lutar pela única maneira sensata de viver?
_E qual seria?
_Lutar! É por isso que a humanidade escapou tantas vezes de ser dizimada por predadores, doenças, ditadores. Lutando que eu cheguei até aqui, e estou vivo ainda, de pé, conversando com você!
_Meu amigo, foi por lutar e querer sobreviver a qualquer motivo que nós tivemos que nos refugiar nessa gruta. Não compensa morrer assim.
"_Você é mesmo muito acomodado! Tolice, tudo o que disse! Tolice, eu ainda continuar a falar com você!" Seus olhos marejavam lágrimas, de ódio e tristeza, pois estava dividido entre morrer lutando e sozinho, ou morrer parado, acompanhado de seu único amigo. Decidiu que iria subir, sem olhar para trás.
"_Tem algo a me dizer, antes de nós nos separarmos?" Sua voz era agora doce e suave."Sim. Olhe a frase que você escreveu no primeiro dia que entramos aqui. O jovem olhou a parede que decorara com uma frase escrita com o sangue das suas mãos:
"A luz que ilumina, pode cegar"
Ele olhou para seu amigo, agora magro, desgrenhado, de barba grande, e deu um abraço. Nunca, nesse tempo todo que estiveram juntos, havia dado um abraço no amigo mais velho. Talvez tivesse perdido a sensibilidade, em meio a tantas dificuldades.
Começou a subida, e pensava em tudo que havia passado, na repressão que sofreu ao entrar nas águas da arte, no estouro da guerra, no desespero. Quanto tempo havia passado desde que havia descido àquele inferno frio e escuro? Ele ansiava por respostas; seu peito batia um coração ansioso e desesperado. Pensava no amigo, aquele cientista sereno e brando, e na discussão que tiveram. Talvez desse tempo, após a subida ao mundo, de trazer ajuda a ele, afinal era seu amigo. Muita coisa lhe passava pela cabeça, e seus pensamentos pararam ao ver o brilho da luz, vinda de cima, numa vala que ele reconheceu.
Subiu. Passou do submundo ao seu amado mundo, de artes, prazeres e saber. A primeira coisa que viu foi um clarão, forte e quente. Foi também a última coisa que viu. O clarão deu lugar às trevas. Ficara cego, e daí sentiu medo, muito medo, pois o que disse seu amigo cientista era verdade. Sentiu uma dor forte no peito, a dor misturada de remorso com batidas fortes e descompassadas no coração. Acabou por morrer, sozinho, lembrando da frase que havia escrito.
E não se havia passado três dias desde que tinha entrado na gruta. A guerra continuava, a plenos pulmões, e agora tinha mais um corpo estendido, não de bala, ou de explosão, mas de luz. De muita luz.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Noite em claro
Mais alto da cidade,
Pra ver as luzes adormecerem.
Ouvir as mulheres chegarem
Com os tontos, tantos na rua
Assoviando a velha canção.
Eu surto de alegria
Nas luas, na cidade,
Nas cruzes do cemitério.
Ao ver os rapazes
Ressucitar os mortos,
Se erguendo de covas vazias.
Mas eu gosto mesmo,
É de ver você passar
Com seu ar de poesia,
Aos olhos, à sombra da lua,
Esperando raiar o dia.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
O Velho e o Jardim
Entre as folhas do jardim.
Suspira fundo, sob o espelho;
Suspira a tulipa, suspira o jasmim.
Pois ele não gosta mais dos seus,
Ter companhia não o satisfaz:
"Viver não é capricho meu.
Morrer hoje, ou amanhã, tanto faz!"
Por isso vive, assim, sozinho,
E prefere plantas, àquela gente.
Pois flores não cobram carinho
E o homem jamais está contente.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Conto de "Nãotal"
Gostava de ver as luzes nas janelas, as luzes das lojas, as luzes nas árvores do quintal de casa. Achava bonito os duendes, as renas e os anjinhos de decoração. Gostava de comer os quitutes da ceia; os doces, os salgado
Mas Hagar não entendia o porquê do Natal. Mesmo depois da grande vivência de 6 anos, esse ainda era um grande mistério para ele. Numa véspera de Natal, Hagar resolveu perguntar à sua mãe:
_"Mãe, por que a gente comemora o Natal?" Ela foi pega de surpresa. "Ora Hagar,..... é, .... é porque é uma data especial", disse, titubeando.
_Especial por quê?
_Porque comemoramos o nascimento de Jesus.
_E por que o nascimento de Jesus é tão importante?
_Hagar, você não tem prestado atenção no catecismo, não é? Foi nessa data que ele nasceu, e por Deus ter morrido a gente pode ser salvo.
_"Mas não foi Jesus que nasceu? Como nasce Jesus e morre Deus? Eu pensava que a morte dele que era importante, não o nascimento", disse o garoto, confuso.
_"É..... uhm...... Ah! garoto, para de perguntar esse monte de coisa", cuspiu sua mãe, apertando os lados da cabeça. "O que importa mesmo é juntar a família, a paz e a comunhão nessa data".
_Mas só no Natal que se junta a família, a paz e a comunhão?
_Não; mas é porque é feriado.
_"Mas não existe feriado o ano todo? Porque tudo isso só no final do ano? E o que que o Papai Noel tem nisso tudo? Eu não lembro dele na história de Jesus." Sua mãe percebeu a mesma coisa: ela também não entendia o Natal. E vendo seu pequeno questionar algo, de forma tão lógica e inteligente, lhe surfiu a dúvida: Porque a gente comemora mesmo o Natal?
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Janela aberta
Que você pagou pra ver,
Com seus olhos castanhos
Duvidando que o faria merecer.
Vem abrir essa janela
E deixa a mente flutuar.
Pra você sentir o vento
Seus cabelos afagar.
E te fazer, perceber
Que o sol, lá fora, só te quer bem.
E o lápis em seus olhos
Não vai mais repelir ninguém.
Olha, que belo presente!
O mundo compôs uma canção
Pra você ouvir sentada,
E poder chorar de emoção.
Vem abrir essa janela,
E deixa as aves t'encantar.
Estão tocando flauta doce,
Pra você acompanhar.
E te fazer, perceber
Que o sol, lá fora, só te quer bem.
E o lápis em seus olhos
Não vai mais repelir ninguém.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
À espreita (pode entrar)
À minha janela.
Como quem implora a entrada,
Como quem não quer perder nada.
Desiste e sai.
Ela fica às voltas
Com os sorrisos nas ruas.
tentando disfarçar a ânsia
Nos olhos azuis da criança.
Não resiste e volta.
Ela aguarda o abrir da porta;
Alguém saindo pra não voltar.
Do silêncio veio a resposta,
Que mil palavras não puderam expressar:
"Felicidade, pode entrar."
terça-feira, 26 de junho de 2012
Floresta dos renegados
domingo, 17 de junho de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
O céu, o louco e o são (ecos)
segunda-feira, 12 de março de 2012
Através das eternas gotas
Bate na janela, sem pedir licença,
Invade, inteira, minha solidão.
Interrompe, de uma vez,
Meus pensamentos, ao olhar pra'ela
E vê- la chicotear o chão.
São meus olhos tristes
Que tentam, sem sucesso, encontrar você
Através das eternas gotas.
Despencando, como folhas,
Do céu ao chão; nem dá pra dizer
De tal doçura em outros planetas.
O meu corpo segue errado,
Feito carro na contramão.
Que caminha, lado a lado,
Entre a fé e a razão.
Permanece atormentado,
Sem encontrar resposta:
"Afinal, o que bate no peito
É instrumento de sopro
Ou de percussão?"
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Outra história de Tom Sawyer
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Belo Horizonte
Perco quase metade
De tudo que quero escrever.
E vou encontrando, no caminho,
Palavras tortas, espalhadas
Nessa tal de "Belorizonte".
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Tempos de criança
Atrás das montanhas
Onde o sol reluz ainda
Os nossos tempos de criança.
Onde o vento soprava mansinho,
Afagando as flores do quintal.
E a noite caía sobre nossos olhos
E a gente ria assim, tão natural,
Como se o pôr-do-sol despertasse
A nossa alegria mais inocente.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Pra você não lembrar
"Passei o passado a limpo"
Pra você não lembrar dele
Todo sujo e amarrotado.
E pra não te passar na cabeça
A suspeita de cada um
Que cruza nosso passeio,
E encara nosso beijo
Com olhos arregalados.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Poeta fugitivo
Sem registro em nenhuma Academia.
Acusado de não saber de métrica
E de escrever o que o vento dizia.
Mas eu sou daqueles
Que diz ser inocente.
Um teimoso indecente
Por viver se escondendo.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Entre máscaras e lentes
Ventilada nesse quarto?
A gente brinca de fingir,
De estar emocionado.
Tudo segue assim,
Tão bem ensaiado.
Que o fim parece sempre
Ser sempre tão dramático.
Pelo menos uma vez
Vamos por a máscara de lado.
E voltar a ser quem somos
Pra irmos juntos ao teatro.
E tirar as lentes, pr' eu ver
No meu verde seus olhos castanhos.
E ter de novo o céu
E seus cabelos embaraçados.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Céu noturno
Não sei se vejo estrelas nos holofotes
Ou se vejo holofotes nas estrelas.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Xote lento
Lentamente, para a sombra.
E nem me importa que é na rua,
É no sol que o povo dança.
Porque meu passo é muito lento,
E eu não consigo acompanhar,
Essa donzela que eu tento
Nesse xote conquistar.
Passo as horas, esperando,
O meu louco, amigo vento.
Venta forte, vem chovendo!
Porque eu sei, que ainda é tempo
Da donzela ser meu par.
domingo, 25 de setembro de 2011
Despedida
Embora para outro planeta.
Vou- me assim, embora,
Sem tapete vermelho nem trombeta
Vou- me assim, embora,
"Sem a menor chance, nem vontade de voltar".
Vou- me assim, embora,
Apenas com mil destinos a desenhar.
Não levo fé nenhuma,
Em te levar comigo.
Na cauda de um cometa,
Caindo do precipício.
Vou- me assim, embora,
Embora sem razão nem porquê.
Vou- me assim, embora,
Pra longe da face brilhante da TV.
Não levo fé nenhuma,
Em te levar comigo.
Na cauda de um cometa,
Caindo do precipício.
Talvez, um dia, você entenda,
Seu amanhã, pra mim, é agora!
E por não poder mais esperar,
Vou- me assim, embora.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Clamor
Que clama por ti, seca e sedenta:
"Won't you please, please help me?"
Vem limpar o ar carregado
Desse dia que amanheceu embaçado,
Que adormece escondendo as estrelas.
E vem fazer a espera desse amante,
Que deixou o guarda chuva na estante
Para sentir na pele o peso do alívio.
domingo, 4 de setembro de 2011
Família
Porque a família aparece de repente,
Como brisa que alivia a tensão
Do viajante cansado do sol,
E vai levando a canoa do pescador,
Carregando sua rede e seu anzol.
E nem se faz preceber, de tão natural
Que é inevitável soprar alegria
Em outras paisagens.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
A queda
sábado, 6 de agosto de 2011
O que arde no peito ninguém vê
Fugindo do tédio e da morte,
Contando as horas, pra ver se dá sorte
De não se preder no caminho.
Ó tu, que te jactas de ter
Asas nos pés, qual homem mortal,
Desenhando no vento a canção ideal
E colocando o coração no meio da highway.
"Oh captain, my captain",
Driblaste o tédio neste exílio chamado vida,
E acumulaste pra ti mais civilização.
Mas o que arde no peito ninguém vê não!
passaste por mim, e eu entendi,
Que tu não vives mesmo em vão.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Século de silêncio
Quando nos invade o silêncio.
E trocamos olhares evasivos
Quando o dia corre lento.
Corta fundo a pele, e como dói
Ver o tempo se arrastar sem medo.
Como se desacelerar arrancasse
Os anos da minha mão,
E tudo aquilo que não foi dito
Passasse a deixar marcas no tempo.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Eclipse
Ele chorava, do tédio ao seu redor,
Das pessoas que andavam, apressadas,
Para a TV que os chamava.
E não percebiam que o show era no céu.
E que o pranto que trazia tristeza,
Trazia alegria nos olhos que observavam a lua
E via nela coberto um véu.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Arcádia
terça-feira, 24 de maio de 2011
A arte de fingir
Quando os olhos ficam úmidos
E não há o que dizer.
Engole todas as lágrimas
Para não sentir no rosto
A dor no caminho que ela percorrer.
Traz consigo, na garganta,
Um grito suprimido
E a vontade de correr.
Fingir, a gente até tenta,
Mas os olhos ficam úmidos
E todo mundo consegue perceber.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Antes de qualquer queda...
De um precipício sem fim,
Gostaria de perguntá- la
Se ela se arrepende,
Caso ela fosse mais feliz.
Se ela poria um sorriso
E sentiria o rosto se mexer,
E,então, veria no seu rosto,
Enquato caísse,
Qual seria sua reação.
Se, de repente, sentiria
Que fizera a escolha errada.
Se talvez estava com medo,
Pois é o que se sente
Quando o rosto está rígido
E a gente não consegue sorrir.
domingo, 1 de maio de 2011
Prêmio Versatilidade!?
"É surpreendente como a vida em comunhão entre blogs nos faz mais poetas, aproxima-nos contagiantemente numa velocidade e numa comunicação inigualáveis. Este prêmio é distribuído ao "blogueiro versátil", aquele que transpõe sua idiossincrasia, dando forma, sabor, experiência a um eu-lírico que clama por novos horizontes e desafios metamórficos."
Quem teve a gentileza de me premiar de tal forma foi Daniela Damaris (http://artedepoetizar.blogspot.com), poetisa fantástica que, apesar da enorme distância nos separando, sabe que esses quilômetros não impede a poesia de atravessar fronteiras. Minha admiração a essa artista genial!
terça-feira, 12 de abril de 2011
Andarilha
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Entre as placas tortas
E tudo é sempre igual:
Lutar por mais um dia na selva,
Com tantas idas e voltas.
E eu estou aqui,
Parado em meio a placas tortas,
Esperando ser levado para lugar algum,
Sendo entortado por corpos apertados,
Que se espremem para ter
Mais um suspiro de vida.
E, nesse dia que amanheceu indeciso,
Eu espero é cair a noite
E poder olhar no céu um enxame
De estrelas, e procurar entre elas,
As que se ligam e formam seu nome.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Contagem regressiva
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Numa noite quente de verão
Quem tem coragem de encarar
A espera do sono que não vem,
E a dor de acordar?
Numa noite quente de verão,
Quem tem medo de enxergar
A face crua no espelho,
E a nudez na hora de amar?
Numa noite quente de verão,
Quem te espera acordar
Com a janta quente, enjoado
De te ouvir reclamar?
O vento que passou no nosso lar
Invadiu; entrou sem avisar.
Captain, a vida é muito cruel!
"Chora, e arranca fora o que não te faz bem".
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
'79
Em nos levar daqui,
Eu faria um esquife de vidro
Coberto de flores,
Para nos guardar pela eternidade,
Nos proteger dos horrores
E ficaria contigo o tempo necessário.
Deixaria a poeira baixar,
Esperando o momento que
A flor da nossa idade
Fosse descoberta, e não 'houvesse
Quem nos fizesse tremer'.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Com o monstro na minhas costas
Estou como fugitivo, vagando errante
Para um lugar onde não haja lembranças
Minhas, nem as de ninguém.
A coisa mais triste num homem,
É quando ele tem de fugir de si.
Mas meus erros são muitos
E me perseguem sem descanso.
Por isso, me dê asas para voar,
Pois vou pro mais longe possível,
a um lugar onde não haja sol nem espelhos
Para que, de repente, não me assuste
Com o monstro nas minhas costas,
Apenas esperando minha fraqueza
Manifestar- se, e ele me devorar por completo.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Sol nos teus pés
Esse sol nos seus pés,
Toda vez que você anda.
Que parece não queimar
As pegadas incertas
Que aparecem na escuridão.
Eu não consigo entender
Tantos romances que são feitos,
Na tela de um computador.
E parecem não se importar,
Que a distância que os une
Os separa devagar.
E eu queria gritar para você ouvir.
Pois só você poderia entender.
Que eu sou um fora da lei
Precisando de descanso.
Eu não consigo entender
Esse sorriso no olhar,
Toda vez que vai dizer
Que eu não preciso me preocupar.
Pois as vozes que ouço antes de dormir
São apenas a televisão.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Juventude
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
O rio e a chuva
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Pra onde o destino acolher melhor
Ser um pássaro cantor,
E ter a oportunidade de
Caprichar na vida.
Em cada árvore um novo amor,
Com as mesmas despedidas.
E então cantar; todos vão ver,
Que elas vão se arrepiar,
Em ver o 'cara' novo cantar sem parar,
Em ver o 'cara' novo cantar sem parar.
Ah! Quem me dera
Viver do que a terra dá.
E quando der a hora
Bater asas e voar
Pra onde o destino acolher melhor.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Na paz
sábado, 23 de outubro de 2010
"Por sorte ou por azar" (ânsia de viver)
domingo, 17 de outubro de 2010
Observação
E a moça na calçada se assanhou,
Pensando que alguém assobiava pra ela.
O motorista de táxi acordou,
Achando que alguém queria correr.
O cachorro até olhou em volta,
Procurando o dono que o faria merecer.
No alto da suite duma cidadela,
A dona de casa, com medo da chuva
fechou a janela.
Mas o vento assobiou foi de orgulho,
Anunciando que cortara os lábios
De alguém que o amava.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Um sorriso aliviado para a leveza da vida
Não importa como soe
Aos meus olhos, será o suficiente
Para alegrar o meu dia.
Com o cheiro das flores,
Exalando suas cores,
Esperando pelo momento
De alguém, na maior das sutilezas,
Lhe lance o mais terno olhar
E lhe traga alívio.
Não importa a coerência
Desse leve pedido, suprimido
Pelo alívio desse sorriso.
Aos meus olhos é o suficiente
Para alegrar meu canto.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Como se tudo se resumisse a chapéus...
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Sentença
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
"Essas crianças..."
sábado, 18 de setembro de 2010
Na corda bamba (brincando de equilibrar)
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Desabafo
terça-feira, 7 de setembro de 2010
No LIMITE
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Contradição
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
No meio do mar
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
O Desafio
Perguntei: "O senhor não se cansa de tocar?" Sem responder, ele tocava uma melodia sinistra. Novamente perguntei, e ele nada dizia. Pus a mão no seu braço nu; estava tão frio que me queimei.
O da gaita indagou: "O que o senhor tem?"
E ele nos disse, no ritmo da música: "Dor, cansaço e sede, mas não me traga água, não quero que me atormente". Nos perguntamos o que ele fazia ali, e, sem dizermos nada, ele passou a contar, sem parar de tocar: