A você que me lê

Versos editados
Em espaço enfeitado.
Expor minhas ideias
É um pouco arriscado.
Por isso, a você
Que me lê, um aviso:
CUIDADO!!!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Velho e o Jardim

A solidão do homem velho,
Entre as folhas do jardim.
Suspira fundo, sob o espelho;
Suspira a tulipa, suspira o jasmim.

Pois ele não gosta mais dos seus,
Ter companhia não o satisfaz:
"Viver não é capricho meu.
Morrer hoje, ou amanhã, tanto faz!"

Por isso vive, assim, sozinho,
E prefere plantas, àquela gente.
Pois flores não cobram carinho
E o homem jamais está contente.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Conto de "Nãotal"

Hagar achava bonito o Natal.
Gostava de ver as luzes nas janelas, as luzes das lojas, as luzes nas árvores do quintal de casa. Achava bonito os duendes, as renas e os anjinhos de decoração. Gostava de comer os quitutes da ceia; os doces, os salgado
Mas Hagar não entendia o porquê do Natal. Mesmo depois da grande vivência de 6 anos, esse ainda era um grande mistério para ele. Numa véspera de Natal, Hagar resolveu perguntar à sua mãe:
_"Mãe, por que a gente comemora o Natal?" Ela foi pega de surpresa. "Ora Hagar,..... é, .... é porque é uma data especial", disse, titubeando.
_Especial por quê?
_Porque comemoramos o nascimento de Jesus.
_E por que o nascimento de Jesus é tão importante?
_Hagar, você não tem prestado atenção no catecismo, não é? Foi nessa data que ele nasceu, e por Deus ter morrido a gente pode ser salvo.
_"Mas não foi Jesus que nasceu? Como nasce Jesus e morre Deus? Eu pensava que a morte dele que era importante, não o nascimento", disse o garoto, confuso.
_"É..... uhm...... Ah! garoto, para de perguntar esse monte de coisa", cuspiu sua mãe, apertando os lados da cabeça. "O que importa mesmo é juntar a família, a paz e a comunhão nessa data".
_Mas só no Natal que se junta a família, a paz e a comunhão?
_Não; mas é porque é feriado.
_"Mas não existe feriado o ano todo? Porque tudo isso só no final do ano? E o que que o Papai Noel tem nisso tudo? Eu não lembro dele na história de Jesus." Sua mãe percebeu a mesma coisa: ela também não entendia o Natal. E vendo seu pequeno questionar algo, de forma tão lógica e inteligente, lhe surfiu a dúvida: Porque a gente comemora mesmo o Natal?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Janela aberta

Olha, o dia bonito
Que você pagou pra ver,
Com seus olhos castanhos
Duvidando que o faria merecer.

Vem abrir essa janela
E deixa a mente flutuar.
Pra você sentir o vento
Seus cabelos afagar.

E te fazer, perceber
Que o sol, lá fora, só te quer bem.
E o lápis em seus olhos
Não vai mais repelir ninguém.

Olha, que belo presente!
O mundo compôs uma canção
Pra você ouvir sentada,
E poder chorar de emoção.

Vem abrir essa janela,
E deixa as aves t'encantar.
Estão tocando flauta doce,
Pra você acompanhar.


E te fazer, perceber
Que o sol, lá fora, só te quer bem.
E o lápis em seus olhos
Não vai mais repelir ninguém.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

À espreita (pode entrar)

Ela deu com o rosto
À minha janela.
Como quem implora a entrada,
Como quem não quer perder nada.

Desiste e sai.

Ela fica às voltas
Com os sorrisos nas ruas.
tentando disfarçar a ânsia
Nos olhos azuis da criança.

Não resiste e volta.

Ela aguarda o abrir da porta;
Alguém saindo pra não voltar.
Do silêncio veio a resposta,
Que mil palavras não puderam expressar:

"Felicidade, pode entrar."

terça-feira, 26 de junho de 2012

Floresta dos renegados

Na floresta dos renegados
Onde vivem os imutáveis
Que cantam uma outra canção,
Eu encontrei um lugar entre os odiados.
Aqui as árvores dançam sem pudor,
Na floresta dos renegados
A saudade não corta o peito,
E todos são o que quiserem:
Alfaiates, poetas mal amados,
Cantores, cozinheiros, artistas sem defeito.
porque não há morte nem calor
Na floresta dos renegados.

domingo, 17 de junho de 2012

Saudade

Enquanto houver
Distância e silêncio
Haverá a saudade
Batendo no peito.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O céu, o louco e o são (ecos)

Levantei minha voz
No meio da noite vazia,
Para ver se havia alguém.
Se um lúcido responderia.

E não houve ninguém,
Nem louco nem são.
Que soprasse ao pé do ouvido
Ou gritasse na escuridão.

Nessa hora a lua sumiu
E as estrelas se esconderam.
Havia medo no céu nublado,
Da resposta se omitiram.

Nem o eco da minha voz
Me devolveu um tapa no rosto.
Gritei, no mais alto tom
De cólera e desgosto.

Eu só queria saber se havia
Alguém que não se sentia só.
Mesmo estando junto de todos
Aqueles, formados do pó.

Levantei minha voz
No maior dos esforços, em vão.
Pois o céu, o são e o louco
Andam juntos na solidão.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Através das eternas gotas

Toda vez que a chuva
Bate na janela, sem pedir licença,
Invade, inteira, minha solidão.

Interrompe, de uma vez,
Meus pensamentos, ao olhar pra'ela
E vê- la chicotear o chão.

São meus olhos tristes
Que tentam, sem sucesso, encontrar você
Através das eternas gotas.

Despencando, como folhas,
Do céu ao chão; nem dá pra dizer
De tal doçura em outros planetas.

O meu corpo segue errado,
Feito carro na contramão.
Que caminha, lado a lado,
Entre a fé e a razão.

Permanece atormentado,
Sem encontrar resposta:
"Afinal, o que bate no peito
É instrumento de sopro
Ou de percussão?"

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Outra história de Tom Sawyer

Hoje eu guardei uma flor,
Dentro de um velho livro.
Para a proteger do vento,
Do tempo e do frio.
Não deixar que envelheça
Como papel amarelo de fotografia.
Guardei uma flor amarela
Na solidão branca do livro
Pra esquecer o amor
Que você jurou um dia.
E guardar essa dor
Pra outro momento de agonia.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Belo Horizonte


Perco quase metade
De tudo que quero escrever.
E vou encontrando, no caminho,
Palavras tortas, espalhadas
Nessa tal de "Belorizonte".

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tempos de criança

Há um sopro de vida
Atrás das montanhas
Onde o sol reluz ainda
Os nossos tempos de criança.

Onde o vento soprava mansinho,
Afagando as flores do quintal.
E a noite caía sobre nossos olhos
E a gente ria assim, tão natural,
Como se o pôr-do-sol despertasse
A nossa alegria mais inocente.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pra você não lembrar


"Passei o passado a limpo"
 Pra você não lembrar dele
 Todo sujo e amarrotado.
 E pra não te passar na cabeça
 A suspeita de cada um
 Que cruza nosso passeio,
 E encara nosso beijo
 Com olhos arregalados.